Produzida no seio de comunidades rurais que viviam essencialmente da criação de gado bovino assente em rudimentares sistemas de produção familiar, esta boneca remete-nos para a tão desejada fertilidade do universo feminino, sendo usada como amuleto por jovens mulheres solteiras, viúvas e estéreis que a transportavam às costas, como se uma criança de peito se tratasse, podendo ser emprestada a outras jovens.

A capacidade de gerar descendência era vista como fonte de riqueza familiar associada à mão de obra em que entretanto se traduzia. Todas as mulheres que não tivessem essa capacidade, muitas vezes eram vítimas de ostracização dentro das próprias comunidades.

Constituída por um toro de madeira vertical, envolta numa malha entrançada, apresenta uma composição de vários elementos, destacando-se o penteado em fibras vegetais com adornos na parte superior.

Coletada por Miguel Neves, que exerceu funções de Despachante Oficial da Alfândega do Lobito (Angola) até 1974, foi incorporada no acervo da coleção de Antropologia poucos anos depois, juntamente com várias centenas de objetos. Miguel Neves é, pois, um dos mais importantes coletores da coleção de Angola pertencente ao Museu da Ciência da Universidade de Coimbra.

ANT.77.36.5